ELEONE PRESTES – DESIGN AUTORAL E CURADORIA: FÓRMULA PARA QUALIFICAR AS FEIRAS NACIONAIS
16/03/2020ABUP HOME & GIFT
Na 40ª Home & Gift e 9ª Têxtil & Home, realizada pela Abup de 14 a 17 de fevereiro, o design autoral e o artesanato ligado à cultura popular têm cada vez mais espaços setorizados na feira. O empresário Marco Pulcherio, da Marco 500, foi o precursor desse movimento explícito, com um trabalho de curadoria e empreendedorismo que valorizam a arte popular brasileira e tanto as criações de design quanto o trabalho de designers para qualificar e ajudar o artesão. Sua estimativa é de que mais de 100 designers participaram da recente edição da feira dentro de núcleos específicos e fora deles.
O empresário levou para a Abup o Projeto Célula, hoje na quinta edição, com a curadoria de Cristiane Rosenbaum. E “a Abup nos trouxe o desafio de fazer uma outra curadoria, para designers que estão começando e querendo entender o mercado do atacado”. Foi criado o Núcleo DA – Design Autoral, nesta edição com 32 designers que expuseram peças exclusivas e originais. Para acolher esse grupo de expositores, o designer e arquiteto Samuel Angelo projetou os estandes padronizados.
Como se não bastasse, a Abup acolheu criações da Semana Criativa de Tiradentes, um projeto que une artesãos e designers, com trabalho ao longo do ano que depois são expostos durante quatro dias. Para a Abup, vieram criações feitas ao longo de 2019 com a ADP – Associação de Designers de Produto, uma entidade sem fins lucrativos criada para aproximar empresas, profissionais e estudantes.
Todo esse movimento vai ao encontro do viés comercial do evento, faz questão de ressaltar Marco Pulcherio, apesar de a feira estar “ampliando de forma muito consistente o design autoral dentro da Abup”.
– A importância do design autoral para o mercado é total porque, com a ação do designer na concepção do produto, as questões estéticas de proporção, volume, funcionalidade, são solucionadas: devagar a indústria está percebendo que ganha tempo, ganha terreno quando tem um profissional experiente junto com ela na concepção do produto. Como percebe que a performance da empresa vai melhorar, aquele investimento que seria tido como um encarecedor se torna um aliado – diz Marco Pulcherio.
– O artesanato é um frescor e pessoas que antes torciam o nariz, hoje dão maior valor, querem saber as histórias, querem ter uma peça do Jasson: levamos ele para Milão (uma cadeira) para o Fuori Saloni. Foi aclamado, um artesão que dá entrevista por onde passa, todo mundo quer tirar foto. Mora no sertão do Alagoas, perto do rio São Francisco, demora duas horas e meia para chegar na casa dele. Tem que vir plástico- bolha de Arapiraca, a 200 quilômetros, para proteger uma peça dele até a chegar um grande centro.
Contudo, Marco diz que tem a “maior cautela” para evitar que esses trabalho se tornem moda, porque “estamos falando de culturas, gerações inteiras que executam uma peça dessas com a alma”. A participação do designer ocorre mostrando caminhos para o artesão, porque detém “o domínio sobre a informação e o exercício estético e até dar um palpite de uma boa embalagem ele pode dar, mas quem entende da técnica é o artesão”. Dá exemplos do trabalho do designer Sergio J. Matos no Amazonas e Renato Imbroisi na Serra da Capivara.
A Abup tem feito incursões dentro de eventos internacionais apresentando design e artesanato para o mercado exterior. Recentemente, fechou contrato com a Apex, em projeto batizado de Ambience Brazil e por meio dele levou 12 empresas brasileiras a Frankfurt, de 7 a 11 de fevereiro, na feira Ambiente. Antes haviam ido à Maison 7 Objet, em Paris e à Semana de Design de Milão.
– O artesanato é um dos pontos de interesse da Apex, justamente porque está levando nossa cultura de raíz para fora – resume Marco Pulcherio.
FONTE: bit.ly/2w1WfEv